quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Funeral

Meu coração partido, guardei-o numa caixinha que trago comigo, junto ao peito, para os seus pedaços nao se perderem.
Enterro-a hoje para não sentir dor, amor, carinho e compaixão,
enterro-a mais fundo que um caixão para nao ter a tentação de a voltar a procurar.
Fica longe de mim, caixinha, sentimentos que me guardas, quero deixar de suar, sofrer e ter vontades, vontades que não sei controlar, nao sei se são erradas ou acertadas...
Caixinha que levas tudo o que tenho e deixa-me sem nada.
Leva-me as memórias que são elas as mais crueis amigas do passado que não volta atrás, leva-as meu coração, dentro da caxinha...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O que é

O que é o amor? já ouvi musicas e lindos textos sobre o que dizem...mas sei bem que não é tão lindo assim. O que é ter amor por um filho? o que é ter amor por outro homem ou mulher? Há pessoas que abusam dos nossos sentimentos assim como nós abusamos dos sentimentos de alguem. Será que fazemos de proposito? será que é algo involuntario que fazemos de proposito? Queremos ser amados e amar, mas quando amamos e nao somos amados? seja por um namorado ou por um pai, mãe, irmão...Nós precisamos de ser amados...então...porque não somos? claro que nunca vou ter esta resposta, mas porque não pensar sobre o assunto. Pensamos sobre quais seriam as razoes de não termos alguém que nos ame e nos queira bem. Porque é que não tenho um namorado? Porque é que os meus pais me desprezam? Será que sou tão feio assim que ninguém me quer amar, acarinhar, estar comigo, passear comigo, aninhar na cama, ver um filme...quando falo em beleza, refiro-me à beleza interior...quer dizer porque quando se é considerado bonito no exterior parece que o resto não conta para nada....porque estamos sozinhos uma vida inteira? a vida será assim tão cruel comigo? já começou a sê-lo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Uma nota de suicídio

O que se passa comigo? Porque choro tanto? Porque é que olho em redor, vejo tantas pessoas e sinto-me tão sozinha? A minha cabeça explode com os meus olhos, uma explosão de lágrimas. Quem me dera que esta explosão me levasse para junto do que dizem ser o nosso criador? Onde está ele? Onde estou eu? Quem sou eu? Onde estão as pessoas que dizem que me amam? Onde estão elas agora que me sinto sozinha? Não estão…Porque é que a solidão magoa mais que uma facada? Será que o problema sou eu? Será que preciso de ajuda para aliviar a minha dor? Será que o suicídio me ajuda? Penso em tantas formas de me apagar, mas não tenho coragem…ou será que a minha vontade de partir é pouca? Será que estou a ser egoísta ao ponto de pensar em suicídio? Bom, dizem que alguém que o comete é covarde e egoísta…Será? Ou será que quando ele aparece na vida de alguém é porque essa pessoa se sente desamparada, sozinha, incompreendida? Necessite de ombro amigo, por mais tolo e sem sentido que seja o problema, se houvesse pelo menos uma pessoa realmente interessada no nosso problema faria toda a diferença. Sim porque me sinto mal amada, pela família, amigos, não há amor na minha vida. O que foi feito dele? O que é feito da preocupação dos pais pelos filhos? Não me refiro a darem-nos uma boa educação, nem uma boa refeição. “Como te sentes hoje minha querida?”, “ Precisas falar? Estas com algum problema que queiras desabafar?” , “Estas bem? Precisas de um abraço? De um beijinho?”, “Espero que saias bem na escola estou a contar contigo minha querida filha”, onde estão estas preocupações? Mesmo que eu não respondesse a nenhuma delas eu sentir-me-ia amada, que alguém se importa comigo, que alguém quer o meu bem…mas raramente as ouvi ou as senti. “Gosto tanto de ti como do teu irmão querida.”. será? Quero dizer…nunca deixaram o meu irmão sozinho na rua até as 22H da noite com 9 anos. Sempre que se trazia uma boa nota para casa qual dos filhos era aplaudido? Eu não com toda a certeza, estava lá bem presente. E o problema não é o meu irmão, o problema, um grande problema, são os nossos pais. Como lidamos com eles? Como falamos com eles? Como podemos confiar neles quando se batem e insultam e destroem tudo aquilo que construíram por caprichos fúteis e arrependimentos de vários anos que passaram. E nós, filhos, onde ficamos? No centro dos seus furacões nos quais somos levados pelas suas guerras e agressões. Ter filhos não é abdicar de tudo aquilo que somos por eles? Sacrificarmo-nos por eles? Porque é que os pais nos consideram um fardo e uma obrigação em vez de olharem para nós e nos verem como uma bênção. Porque é que temos que assumir as culpas de um pai ou mãe que falhou? Ou mesmo dos dois. Porque é que me obrigaram a crescer mais rápido do que aquilo que era suposto? Não fumo, não bebo, fiz a escola como deveria ter sido feita e mesmo assim…nem uma palavra de incentivo eu ouvi da parte daqueles que dizem que me amam, nada de nada, até hoje não fui presa, não roubei…nada. E mesmo assim, serei assim tão péssima filha que fazem chorar todos os dias? Que me condenam por ser parecido com um ou com outro, que culpa tenho eu? Eu só nasci.

E sim, eles são responsáveis pela pessoa que me tornei hoje. Desequilibrada, com medo de enfrentar o mundo lá fora, sem amigos, com medo de confiar. E passados 20 anos de ter nascido pergunto-me o que irei fazer comigo e com este corpo que se arrasta por aí sem vontades, sem objectivos, com vontade de morrer, uma vontade forte que me deixa desesperada sem saber como falar com alguém, preciso de ajuda sim, não precisamos todos? Mas onde está ela? Onde estão eles? Que tipo de ajuda me podem oferecer? Será que vou ficar boa?

Penso muitas vezes que ligação é esta que temos com os nossos pais. Porque quando alguém nos magoa muito a nossa suposta reacção é afastarmo-nos, não perdoar, cortamos as relações como se costuma dizer. Mas quando é um pai ou uma mãe a bater-nos tanto que ficamos inconscientes ou pais que se drogam, pais que nos desprezam, que nos mal tratam, que nos deixam à nossa sorte. Que habilidade é esta que nós filhos possuímos de perdoar qualquer maldade que eles nos proporcionem? Porque é que o fazemos?? Isto deixa-me fora de mim, com vontade de gritar até ficar sem voz. Porque é que eles não conseguem olhar para nós e perceber que algo está errado? As pessoas que mais tem o dom de me fazer chorar sem parar, porque me magoam tanto? Será que fui um erro tão grande assim para me fazerem passar por todo este sofrimento. Esta dor que sinto dentro e não a consigo tirar. Não é suposto os nossos pais amarem-nos mais do que qualquer outra pessoa a face da terra? Então porque me sinto tão indesejada? Tantas perguntas e nenhuma delas tem resposta. Gostaria que os meus e outros lessem, tentassem, de alguma forma compreender o que digo. Quem tem filhos, olhem para os vossos filhos, tentem dar-lhes o seu devido valor. Ninguém é perfeito, pois claro que não, mas nós filhos somos criados à vossa imagem, se vocês se sentirem falhados como podem culpar os vossos filhos por isso? Como são capazes de os fazer sofrer o que vocês já sofreram ou pior? Devia haver uma prisão para este tipo de pais que provavelmente estaria a rebentar.

Não tenho ninguém para desabafar tudo isto que escrevi muito menos uma pai ou uma mãe que estejam dispostos a ouvir-me, talvez se escrever tudo o que sinto sirva como algum tipo de terapia para mim mesma ou outras pessoas, talvez acalme a minha dor, sinceramente, espero não cumprir aquilo que tenho vontade, porque no fundo, no fundo, não quero morrer, quero viver feliz e fazer alguém feliz.